A cidade de Maringá (PR) aparece em primeiro lugar na oferta de serviços públicos entre as 100 maiores cidades do Brasil. Entre as capitais, Curitiba (PR) é a mais bem colocada da lista, ficando na quinta posição. A capital do Acre, Rio Branco, aparece em último lugar na lista, que é parte do estudo Desafios da Gestão Municipal 2024, divulgado nesta quinta-feira, 31, pela consultoria Macroplan e cujos resultados VEJA obteve em primeira mão.
A lista é feita com base no Índice de Desafios da Gestão Municipal (IDGM), que compara as 100 maiores cidades do Brasil (todas com população acima de 273.500) ao agregar 15 indicadores nas áreas de educação, saúde, segurança e saneamento e sustentabilidade.
Apesar de representarem 1,8% do total de municípios, as 100 maiores cidades do país abrigam 78,3 milhões de habitantes, o que corresponde a 38,5% da população, e são responsáveis por 44,2% do Produto Interno Bruto (PIB), ou 4 trilhões de reais. Nessas cidades, o PIB per capita é de 47.500 reais, 12,5% maior do que a média brasileira. Por gerarem mais da metade dos empregos (52,3%), com 27,6 milhões de postos de trabalho, essas cidades são vetores em suas regiões.
Além do diagnóstico de áreas em que a cidade vai bem ou não, o ranking permite que os gestores e cidadãos possam comparar a evolução da sua cidade com outros municípios. “O estudo contribui para melhorar a qualidade e a produtividade do gasto público”, explica Gustavo Morelli, sócio-diretor da Macroplan.
A ideia do estudo é que os gestores conheçam os desafios do município a partir de uma análise evolutiva e comparada com as maiores cidades. É possível acompanhar a evolução de cada uma delas entre 2010 e 2023.
Na prática, o estudo resolve uma das grandes dificuldades das prefeituras, que é conseguir diagnosticar a situação real dos serviços públicos municipais a partir de dados e evidências. Em geral, a descentralização das informações fragmenta a visão dos gestores. “As informações são públicas, mas estão em diferentes lugares e nem sempre o gestor público consegue juntar tudo isso”, diz Morelli.
Em geral, a evolução das cidades é lenta.
Em termos de evolução entre 2010 e 2023, o estudo mostra avanços positivos na década no indicador sintético. Mas, em apenas uma área, educação, houve melhoria generalizada entre as cidades. Em saúde, 20 municípios pioraram ou não avançaram; em saneamento, dez cidades registraram piora nos indicadores e nove, em segurança.
“A situação dos municípios é desafiadora. Há os desafios mais básicos, em termos de mortalidade infantil, atenção básica, saneamento, que estão longe de ser equacionados em boa parte dos municípios e há os desafios emergentes”, diz a coordenadora da pesquisa, Adriana Fontes, diretora de estudos e dados da Macroplan. Mudanças climáticas e envelhecimento populacional são alguns dos novos desafios no presente e no horizonte das cidades.
O retrato da evolução é heterogêneo e a desigualdade é marcante, mas um ponto em comum é o ritmo da melhoria das condições e dos serviços públicos nas cidades brasileiras. “Os avanços são normalmente lentos e deveriam ser acelerados, considerando que ainda estamos longe dos padrões internacionais”.
Os serviços prestados à população ainda estão aquém dos padrões satisfatórios e dos níveis dos países desenvolvidos. A taxa de mortalidade infantil dos 100 maiores municípios do Brasil foi de 12,2 por 1.000 nascidos vivos em 2022, mais que o dobro da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); e a taxa de homicídios, de 20,8 por 100.000 habitantes, 4,6 vezes a média dos países da OCDE. ”Mantendo a velocidade observada na última década, alcançar os patamares dos países desenvolvidos hoje não será possível em anos, mas sim em décadas”, diz.
Em saneamento, a universalização ainda está distante para a maioria do grupo (59% tem atendimento de esgoto inferior a 90%). Em educação, apenas 44% das cidades alcançaram a meta 6 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da rede pública dos anos iniciais. em 2023, e nenhuma cidade alcançou nota 6 no Ideb da rede pública dos anos finais do fundamental, no mesmo ano.
Em quais grandes cidades se vive com mais e menos qualidade de vida no Brasil.
Os resultados evidenciam uma velha conhecida do Brasil: a desigualdade. Municípios do Sul e do Sudeste dominam as 25 primeiras colocações do índice geral. Só quatro cidades, entre as 50 primeiras colocadas, não pertencem às regiões Sul e Sudeste: Goiânia (GO), em 27º; Palmas (TO), em 28ª; Campo Grande (MS), em 46º; e Petrolina (PE), em 49º.
Entre os 25 últimos, predominam representantes do Norte, Nordeste e da região metropolitana do Rio de Janeiro. Entre as dez piores posições no IDGM geral, metade se localiza na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Uma constatação da pesquisa é que as cidades médias (até 500.000 habitantes) destacam-se tanto em termos de posicionamento no ranking geral, ocupando três dos cinco primeiros lugares, quanto em termos de evolução entre 2010 e 2023. “No ranking das variações de posição no período analisado entre os dez maiores avanços, nove foram registrados em cidades médias”, diz Adriana.
As cidades que evoluíram mais e menos entre 2010 e 2023
Entre as cidades que mais melhoraram no ranking de 2010 a 2023, a que mais se destaca é São José dos Pinhais (PR), que subiu 42 posições. Na última década, a cidade melhorou sua posição no ranking nas quatro quatro áreas e perdeu posição em nenhuma: educação (+20 posições); saúde (+26 posições); segurança (+30 posições); e saneamento e sustentabilidade (+30 posições).
Também no Paraná, Cascavel é outro exemplo de melhoria. Na última década, a cidade melhorou sua posição no ranking em quatro áreas e perdeu posição em nenhuma: educação (+24 posições); saúde (+15 posições); segurança (+13 posições); e saneamento e sustentabilidade (+35 posições). Outras cidades, como Vitória da Conquista (BA) e Petrolina (PE), também apresentaram grandes ganhos, com melhorias de 26 e 23 posições, respectivamente.
Em contrapartida, algumas cidades registraram quedas expressivas no mesmo período. Carapicuíba (SP), por exemplo, perdeu 37 posições, piorando bastante, sobretudo na saúde. Na última década, a cidade melhorou sua posição no ranking em uma área e perdeu posições em três: educação (+11 posições); saúde (-64 posições); segurança (-10 posições); e saneamento e sustentabilidade (-12 posições).
As cidades de Juazeiro do Norte (CE) e Bauru (SP) caíram 20 posições cada. Na última década, Juazeiro do Norte melhorou sua posição no ranking em uma área e perdeu posições em três: educação (-11 posições); saúde (+8 posições); segurança (-19 posições); e saneamento e sustentabilidade (-12 posições). Já a cidade paulista de Bauru perdeu posições nas quatro áreas: educação (-24 posições); saúde (-7 posições); segurança (-11 posições); e saneamento e sustentabilidade (-22 posições).
O ranking completo das 100 maiores cidades do Brasil:
| Posição | Município | UF | Índice Geral | Δ 2010-2023 |
|———|————————-|—-|————–|————-|
| 1° | Maringá | PR | 0,765 | +1 |
| 2° | Franca | SP | 0,722 | +6 |
| 3° | Jundiaí | SP | 0,721 | +1 |
| 4° | Uberlândia | MG | 0,720 | +6 |
| 5° | Curitiba | PR | 0,718 | +6 |
| 6° | Cascavel | PR | 0,714 | +37 |
| 7° | São José dos Campos | SP | 0,713 | -4 |
| 8° | Piracicaba | SP | 0,710 | -2 |
| 9° | São José do Rio Preto | SP | 0,706 | -8 |
| 10° | Barueri | SP | 0,700 | +14 |
| 11° | Santos | SP | 0,697 | +4 |
| 12° | Belo Horizonte | MG | 0,696 | 0 |
| 13° | Ribeirão Preto | SP | 0,695 | -8 |
| 13° | São Paulo | SP | 0,695 | 0 |
| 15° | Sorocaba | SP | 0,694 | +3 |
| 16° | São Bernardo do Campo | SP | 0,692 | +6 |
| 17° | Campinas | SP | 0,687 | -8 |
| 18° | Londrina | PR | 0,686 | -2 |
| 19° | São José dos Pinhais | PR | 0,685 | +42 |
| 20° | Vitória | ES | 0,683 | -6 |
| 21° | Florianópolis | SC | 0,682 | -14 |
| 22° | Joinville | SC | 0,681 | +5 |
| 23° | Santo André | SP | 0,680 | +2 |
| 24° | Taubaté | SP | 0,672 | +8 |
| 25° | Limeira | SP | 0,671 | -5 |
| 25° | Blumenau | SC | 0,671 | +3 |
| 27° | Goiânia | GO | 0,663 | +7 |
| 28° | Palmas | TO | 0,662 | +2 |
| 28° | Montes Claros | MG | 0,662 | -9 |
| 30° | Diadema | SP | 0,658 | +3 |
| 31° | Sumaré | SP | 0,653 | -10 |
| 32° | Praia Grande | SP | 0,652 | +5 |
| 32° | Suzano | SP | 0,652 | -3 |
| 34° | Contagem | MG | 0,646 | +4 |
| 34° | Mauá | SP | 0,646 | +16 |
| 36° | Rio de Janeiro | RJ | 0,645 | +12 |
| 36° | Foz do Iguaçu | PR | 0,645 | +13 |
| 36° | Ponta Grossa | PR | 0,645 | +2 |
| 39° | Uberaba | MG | 0,644 | -23 |
| 39° | Caxias do Sul | RS | 0,644 | +5 |
| 41° | Taboão da Serra | SP | 0,640 | -5 |
| 42° | Bauru | SP | 0,638 | -20 |
| 43° | Mogi das Cruzes | SP | 0,637 | -2 |
| 44° | Niterói | RJ | 0,636 | -18 |
| 45° | Betim | MG | 0,631 | -14 |
| 46° | Vila Velha | ES | 0,630 | +8 |
| 46° | Campo Grande | MS | 0,630 | -1 |
| 48° | Porto Alegre | RS | 0,628 | -2 |
| 49° | Petrolina | PE | 0,622 | +23 |
| 50° | Petrópolis | RJ | 0,620 | +6 |
| 51° | Fortaleza | CE | 0,606 | +1 |
| 52° | Osasco | SP | 0,605 | -10 |
| 53° | Campina Grande | PB | 0,603 | +6 |
| 53° | Serra | ES | 0,603 | +13 |
| 55° | Ribeirão das Neves | MG | 0,600 | -2 |
| 56° | Cuiabá | MT | 0,596 | +6 |
| 57° | Guarulhos | SP | 0,593 | -10 |
| 58° | Juiz de Fora | MG | 0,589 | -18 |
| 59° | Anápolis | GO | 0,585 | +9 |
| 60° | São Vicente | SP | 0,583 | +4 |
| 61° | Boa Vista | RR | 0,582 | -1 |
| 62° | Caucaia | CE | 0,581 | -11 |
| 62° | Cotia | SP | 0,581 | -7 |
| 64° | Recife | PE | 0,579 | +4 |
| 65° | João Pessoa | PB | 0,577 | -1 |
| 65° | Itaquaquecetuba | SP | 0,577 | -7 |
| 67° | Vitória da Conquista | BA | 0,576 | +26 |
| 68° | Pelotas | RS | 0,575 | +8 |
| 69° | Caruaru | PE | 0,573 | +13 |
| 70° | Canoas | RS | 0,570 | +5 |
| 71° | Guarujá | SP | 0,568 | +2 |
| 72° | Carapicuíba | SP | 0,563 | -37 |
| 73° | Natal | RN | 0,562 | -11 |
| 74° | Teresina | PI | 0,561 | -7 |
| 75° | Aracaju | SE | 0,560 | +1 |
| 76° | Aparecida de Goiânia | GO | 0,553 | +9 |
| 77° | Juazeiro do Norte | CE | 0,552 | -20 |
| 78° | Salvador | BA | 0,545 | 0 |
| 79° | Cariacica | ES | 0,541 | +9 |
| 80° | Paulista | PE | 0,536 | +4 |
| 81° | São Luís | MA | 0,530 | -10 |
| 82° | Campos dos Goytacazes | RJ | 0,527 | -9 |
| 83° | Olinda | PE | 0,526 | +4 |
| 84° | Várzea Grande | MT | 0,521 | +7 |
| 85° | Manaus | AM | 0,518 | -15 |
| 86° | Camaçari | BA | 0,511 | +3 |
| 87° | Feira de Santana | BA | 0,504 | -7 |
| 88° | Ananindeua | PA | 0,499 | -11 |
| 89° | Belford Roxo | RJ | 0,487 | -5 |
| 90° | Maceió | AL | 0,480 | -6 |
| 91° | Belém | PA | 0,475 | -7 |
| 92° | Macapá | AP | 0,473 | -6 |
| 93° | Duque de Caxias | RJ | 0,472 | -3 |
| 94° | Serra Talhada | PE | 0,465 | +10 |
| 95° | São João de Meriti | RJ | 0,464 | -1 |
| 96° | Jaboatão dos Guararapes| PE | 0,463 | +3 |
| 97° | Porto Velho | RO | 0,459 | +7 |
| 98° | Serra | ES | 0,458 | +4 |
| 99° | Mesquita | RJ | 0,457 | -2 |
| 100° | Rio Branco | AC | 0,455 | +8 |
Fonte;
Revista Veja
Mín. 22° Máx. 27°