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Relembre esquema de desvio de R$ 5 milhões de cestas básicas que envolveu governador do Tocantins, esposa e filhos

Caso investigado pela Polícia Federal completa cinco meses nesta terça e apontou conexões com crime organizado.

21/01/2025 às 11h27
Por: Redação Fonte: Jornal Opção Tocantins
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Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Deflagrada em 21 de agosto de 2024, a Operação Fames-19 expôs um esquema de desvio de recursos públicos na compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. A ação da Polícia Federal (PF) trouxe à tona irregularidades em contratos emergenciais e conexões suspeitas envolvendo empresários, autoridades públicas e o crime organizado.

A operação investiga contratos emergenciais, no valor de quase R$5 milhões, para aquisição de 1,6 milhão de cestas básicas, realizadas sem licitação sob decreto estadual de emergência. As investigações apontam que apenas parte dos produtos foi efetivamente entregue, enquanto o valor total foi pago às empresas contratadas.

Entre os alvos da operação estão o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), seus filhos, Léo Barbosa (deputado estadual) e Rérison Castro (superintendente do Sebrae Tocantins), além da primeira-dama e secretária extraordinária de participação social, Karynne Sotero. Empresários como Joseph Madeira, presidente da Associação Comercial e Industrial de Palmas (Acipa), também está entre os investigados. Ele foi preso no dia 21 de agosto, por ter se recusado a entregar seu celular para a PF. 

A operação, autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), apontou indícios de fraudes em processos de contratação emergencial, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. A investigação é um desdobramento da Operação Phoenix, realizada em 2022 pela Polícia Civil do Tocantins, que já havia identificado irregularidades semelhantes na compra de cestas básicas.

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em 42 endereços, incluindo o Palácio Araguaia e a residência do governador Wanderlei Barbosa. No gabinete do governador, a Polícia Federal encontrou R$32,2 mil em espécie, enquanto na casa dele foram apreendidos R$35,5 mil, 80 euros e 1.100 dólares. Além do dinheiro, os agentes localizaram diversos boletos de contas pagas em lotérica e junto ao dinheiro carimbos com os nomes do governador e de seu chefe de gabinete. 

Dinheiro encontrado no gabinete de Wanderlei Barbosa | Foto: Polícia Federal

Ligação com o crime organizado e movimentações financeiras suspeitas

As investigações revelaram que empresas supostamente de fachada, ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa paulista, como a VB Inter Holding e a 4TPag, receberam e transferiram valores no esquema de desvio. Essas empresas, cadastradas em Palmas e operadas pela fintech 4TBank, teriam movimentado mais de R$8 bilhões em cinco anos, segundo a Polícia Civil de São Paulo.

O empresário Welber Guedes, apontado como operador do esquema, teria transferido mais de R$615 mil para a 4TPag e recebido depósitos de R$165 mil da VB Inter Holding. Ele também é acusado de realizar transferências para o governador e seus filhos sob o título de “consórcio entre amigos”.

Além disso, a polícia identificou que empresas de fachada usavam nomes de estabelecimentos reais de Palmas, como um restaurante de comida japonesa para ocultar suas operações ilícitas.

Exonerações de servidores: relação com a operação?

Logo após o início da operação, o chefe de gabinete do governador, Marcos Martins Camilo, e outros servidores comissionados foram exonerados. Embora as exonerações tenham sido justificadas oficialmente como “a pedido”, a proximidade com a operação gera dúvidas sobre uma possível relação com os desdobramentos do caso.

O afastamento de Camilo foi publicado no Diário Oficial do dia 22 de agosto, que consta que a exoneração ocorreu a pedido. A mesma edição do Diário traz também as exonerações de Tiago da Silva Costa, Layane de Sousa Silva, Taciano Darcles Santana Souza, Warks Márcio Ribeiro de Souza, Nelsifran Sousa Lins, e Gilson Sousa Silva, servidores comissionados envolvidos na investigação.

Laranjas e prejuízos milionários

Investigado movimentou R$ 12 milhões, mas andava de moto na chuva | Foto: TV Anhanguera

 

Entre os contratos investigados pela Operação Fames-19, destaca-se a atuação de Diego Oliveira Coimbra, apontado como um dos supostos laranjas no esquema. Segundo as investigações, Diego movimentou R$12 milhões em contratos de cestas básicas com o governo, mas levava uma vida simples, deslocando-se de moto até em dias de chuva. A Polícia Federal acredita que ele emprestou seu nome para Welber Guedes, considerado o verdadeiro beneficiário do esquema.

As empresas ligadas a Welber Guedes são acusadas de fraudar a entrega de alimentos essenciais, como arroz, óleo de soja, café e frango. Essas irregularidades teriam causado um prejuízo superior a R$1,8 milhão aos cofres públicos apenas em produtos não entregues. Além disso, o esquema utilizava um mercado como fachada para lavagem de dinheiro, incluindo práticas suspeitas como a venda de carne bovina Angus, de alto valor, reclassificada como cortes comuns ou transformada em linguiça, para disfarçar as operações financeiras ilícitas.

Depósitos suspeitos e conexões com figuras públicas

A investigação da Polícia Federal também identificou transações financeiras suspeitas envolvendo o empresário Welber Guedes, apontado como operador principal do esquema, e figuras públicas do Tocantins. Entre elas, destaca-se um depósito de R$5 mil realizado por Welber em favor do governador Wanderlei Barbosa, em novembro de 2020, e transferências para seus filhos. No total, Welber teria movimentado mais de R$10,6 milhões por meio de 249 transações, valores que seriam oriundos das empresas contratadas para o fornecimento de cestas básicas. Os depósitos também foram feitos para os filhos de Wanderlei.

Além disso, o ex-secretário da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), Tiago da Silva Costa, responsável pela contratação de empresas envolvidas, foi citado por realizar transferências financeiras para o empresário Joseph Madeira, que mantém contratos renovados com o governo estadual e a Assembleia Legislativa. Essas movimentações aprofundam as suspeitas sobre as ligações entre os investigados e o esquema de desvio de recursos.

O que disseram os investigados:

Na época das investigações, diversos envolvidos mencionados na lista da Operação Fames-19 emitiram notas públicas sobre o caso. Seguem abaixo as declarações fornecidas por eles:

Nota do Governo do Tocantins

“O Governo do Estado Tocantins informa que colabora com a Polícia Federal no cumprimento dos mandados de busca e apreensão realizados na manhã desta quarta-feira, 21 (no mês de agosto), referente à Operação Fames-19, que investiga supostos desvios na compra de cestas básicas nos anos de 2020 a 2021. É do interesse do Governo do Estado que tais fatos sejam devidamente esclarecidos.”

Nota do Governador Wanderlei Barbosa

Recebi com surpresa, porém com tranquilidade, a operação ocorrida nesta manhã de quarta-feira, sobretudo porque na época dos fatos era vice-governador e não era ordenador de nenhuma despesa relacionada ao programa de cestas básicas no período da pandemia. Como todos já sabem, a única alusão ao meu nome em toda essa investigação foi a participação num grupo de consórcio informal de R$5 mil com outras 11 pessoas, no qual uma delas era investigada. Ressalto que desejo uma apuração célere e imparcial dos fatos, pois estou confiante na minha inocência e na Justiça, estando sempre à disposição para colaborar com as investigações.

Nota da primeira-dama Karynne Sotero

A Primeira-Dama e secretária extraordinária de Participações Sociais Karynne Sotero recebeu com espanto e perplexidade a notícia de que é alvo de busca e apreensão uma vez que não faz parte do processo investigatório e sequer é citada.

Esclarece ainda que não era sequer primeira-dama do estado à época dos fatos investigados. Ressalta que está tranquila em relação ao desenrolar da investigação e confiante na Justiça.

Nota do Sebrae Tocantins

O Sebrae Tocantins esclarece que não está medindo esforços com intuito de apresentar todas as informações de forma transparente a respeito da Operação Fames-19. Importante destacar que no período investigado o atual superintendente, Rérison Antônio Castro, não fazia parte do corpo técnico do Sebrae.

Nota de Rérison Castro

Recebi com absoluto espanto a notícia que esta manhã fui alvo de um mandado de busca e apreensão em relação ao suposto desvio de cestas básicas. Na época eu era presidente da Agência Estadual de Metrologia e nunca tive qualquer relação com aquisição, licitação ou distribuição de cestas básicas. Assim como meu pai, o governador Wanderlei Barbosa, a minha única relação como qualquer pessoa citada neste processo é um consórcio informal de R$5.000,00 e que absolutamente nada tem a ver com o caso investigado. Sigo à disposição da Justiça e das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o assunto e permaneço confiante que a verdade virá à tona.

Nota do deputado Léo Barbosa

Sobre a operação da Polícia Federal desta quarta-feira, 21, informo que prestei todos os esclarecimentos necessários e sigo colaborando com as investigações. Nunca imaginei que uma modalidade de consórcio informal de R$5.000,00, do qual eu fazia parte com outras 11 pessoas, poderia gerar tamanho transtorno e embaraço jurídico. Já forneci à Justiça todos os elementos que demonstram a minha inocência. Tenho certeza que no transcorrer do processo isso ficará provado. Sigo confiante na Justiça e nas instituições democráticas e desempenhando normalmente o meu trabalho como deputado estadual mais votado do Tocantins.

Os nomes investigados

Ao todo, 42 pessoas, incluindo o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, seus dois filhos, o deputado Léo Barbosa e o presidente do Sebrae Tocantins, Rérison Andrade, além da primeira-dama, Karynne Sotero, estão sendo investigadas em um suposto esquema de desvio de recursos na compra de cestas básicas durante a pandemia da covid-19. 

A Operação “Fames-19”, conduzida pela Polícia Federal, está cumprindo mandados de busca e apreensão nos endereços de políticos e empresários, autorizados pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Campbell Marques. Confira a lista completa dos investigados que consta na decisão do STJ:

  1. Wanderlei Barbosa Castro – governador
  2. Karynne Sotero Campos – primeira-dama
  3. Yhgor Leonardo Castro Leite (Léo Barbosa) – deputado e filho do governador
  4. Rérison Antonio Castro Leite – filho do governador e superintendente do Sebrae
  5.  Liel Bezerra Beckman Cardoso – esposa do deputado Cleiton Cardoso
  6. Junior José da Silva
  7. Joseph Ribamar Madeira – empresário 
  8.  Adriana Rodrigues Santos – esposa de Joseph
  9.  José Gomes de Sousa Neto
  10. Julio Cesar da Mota Santos
  11. Welber Guedes de Morais
  12. Suzy Elaine Rodrigues de Lima G. de Morais
  13. Christian Zini Amorim
  14. Taciano Darcles Santana Souza
  15.  Roberto Souza Alves
  16. Marcus Vinicius Ribeiro Santana
  17.  Ramalho Souza Alves
  18. Macione Costa Oliveira
  19. Paulo Cezar dos Santos
  20. Leandro Maia da Costa
  21.  Matheus Fonseca Ferraz
  22.  Victor Monaco Luciano de Brito
  23.  Warks Márcio Ribeiro de Souza
  24. João Coelho Neto
  25.  José Messias Alves de Araújo
  26. Tiago da Silva da Costa
  27.  Senivan Almeida de Arruda
  28.  Nelsifran Sousa Lins
  29.  Maurinalva de Araújo Lima Lins
  30.  Amaurismar Mota Sousa
  31.  Klertione de Brito
  32. Nilza Veríssimo da Silva
  33. Leidiane de Souza Moura
  34. Silvia Maria Fernandes Suzart Rodrigues
  35. Solane Rodrigues Prado dos Santos
  36. Igor Prado Silva Santos
  37.  José Wannilton Venancio de Sousa,
  38. João Pontes Filho
  39. Gilson Sousa Silva
  40.  Layane de Sousa Silva
  41. Paulo Cesar Lustosa Limeira 
  42. Lizandra Paz de Oliveira
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